Mãe,
fica tranquila: tudo o que você tá sentindo hoje, com o seu recém-nascido nos braços, não acontece somente com você. Acontece com a maioria absoluta das mulheres. Essa sensação de cansaço misturada com sono, somada a uma preocupação gigantesca quanto a acertar ou errar cuidando de um ser tão pequenininho, não é só sua. Fica tranquila, você não é a única a se sentir perdida, a ter vontade de chorar – é tanta emoção junta que nosso corpo precisa expulsá-las de alguma forma, daí vêm o chororô dos primeiros dias (ou meses). Já disse, fica tranquila: mais alguns meses e você vai perceber que a vida continua intensa, mas você já saiu do redemoinho inicial do puerpério e agora vai conseguir curtir muito mais seu filhote sem o maremoto de hormônios no corpo (quanto ao cansaço, sinto lhe dizer, é provável que ele continue…).
Você vai amar cuidar do seu filho, mas às vezes vai desejar ficar sozinha, recuperar sua “solteirice”. Não se sinta menos mãe por isso. E cada mãe tem seu jeito de cuidar da cria e, infelizmente, muitas acham que seu jeito é o único certo. Prepare-se, então, para os famigerados julgamentos, vindos – de quem?! – das próprias mulheres, ora bolas! Acostume-se: vai ter gente dizendo que é um absurdo ter babá e outras dizendo que absurdo é não ter; vai ter gente criticando você se usar mamadeira ou chupeta e vai ter gente dizendo que esse negócio de amamentar até 02 anos é radicalismo; tem gente que defende ferozmente a cama compartilhada e outras pessoas que acreditam que o bebê vira um grude dependente quando não dorme no berço. Releva e pensa: antes de ter filhos – ou até durante sua maternidade – você já apontou ou apontará o dedinho para uma outra pobre mãe. Seja mais humana com você e com as outras, por favor.
Não é incomum descobrir uma capacidade sobre-humana de vencer o sono, embora isso não seja saudável. Também não é improvável ter seu medo de morrer aumentado: e mãe morre, caceta?! Morre nada! Mãe tem que viver até os 100 anos, pra cuidar dos filhotes. Por isso a gente faz mil “Em-nome-do-Pai-do-Filho-e-do-Espírito-Santo” quando entra em avião ou quando descobre que tá doente. Deus permita que a gente viva até esses tais 100 anos…
Queridona, vão ter dias bem difíceis. Dias solitários. Não sei por quê, mas temos a infeliz habilidade de nos culparmos por tudo. Pode haver dias em que você pense “Céus, onde fui amarrar minha cabra de vestido e salto alto (que hoje anda de jeans e sapatilha – isso se não estiver perambulando pela casa de moletom…)?” Daí, quando tudo parecer perdido e você pensar em largar tudo e se mudar para o Alasca, vem o sorriso daquela pequenice toda. E esse sorriso é capaz de te fazer esquecer o mundo inteiro lá fora. Não tem jeito, gata: você é dele – e gosta disso.
Ah, e como falar sobre tudo isso pode ser um tabu, talvez você sinta vergonha de assumir isso. Tudo bem. Não precisa expor isso ao mundo e pedir sua bênção: apenas exponha sua verdade pra você e fique bem com você mesma. Amar-se é a única forma de amar seu filho de forma saudável, isso te garanto. Ah! Daqui a uns dois anos, vem aqui e me conta se você esqueceu toda essa loucura e decidiu ter o segundo! :)
Lindo demais o Rico! Amei o post, amandinha!! Adorei o “Céus, onde fui amarrar minha cabra de vestido e salto alto (que hoje anda de jeans e sapatilha – isso se não estiver perambulando pela casa de moletom…)?” hahahahah…bom saber que esses pensamentos não chegam só a mim…:)
Oi, Bibi! É isso mesmo, né, um misto de emoções! Esse negócio de maternidade-margarina só existe em filme de Hollywood! :)