
Vou começar esse post com uma confissão: esse assunto não é fácil para mim. Na verdade, é uma das maiores dificuldades que eu tenho na vida (tenho duas: lidar com as minhas finanças e deixar as coisas organizadas). Mas é exatamente por saber que eu tenho milhares de medos e crenças bizarras sobre dinheiro que eu resolvi encarar tudo isso de frente, de uma vez por todas.
Ah, aqui também vai outra observação: se você acha que ganhar mais dinheiro é a única solução dos seus problemas, preciso te dizer que você está enganada, amiga leitora. O meu descontrole começou justamente quando eu comecei a ver os zeros surgindo na minha conta. E se eu não tivesse aprendido a lidar com meu dinheiro (acho que eu ainda tô em processo de ‘detox’, viu), lidar com as finanças no meio do empreendedorismo seria igual a me jogar de um precipício.
Eu vim de uma família que sempre teve o dindim contadinho e passou por apertos. Sempre estudei com bolsa de estudos e na minha família, passar no concurso público era a salvação da minha lavoura. Beleza, exceto por um detalhe: eu tava fazendo tudo no automático, sem a menor ideia se eu queria aquilo pra minha vida ou não. Meu negócio mesmo era me comunicar com outras pessoas, escrever, falar, dar aulas. Mas ser jornalista estava fora de cogitação. Então vambora fazer Direito e passar no concurso.
O que aconteceu depois do concurso público? Eu simplesmente joguei todas as minhas frustrações como mulher, como pessoa, como profissional… na fatura do meu cartão de crédito. Eu comecei a ganhar mais do que o meu pai, só tinha gastos com a minha casa (eu fui morar sozinha depois que passei no concurso) e mais nada e simplesmente não sobrava um centavo na minha conta. Eu fui promovida, eu ganhei aumento, eu ganhei Participação nos Lucros da empresa. Uma bolada. Mas nada, nadinha, parava na minha conta bancária. Parecia que o dinheiro tinha asas.
No começo eu não via problema algum em fazer isso. Eu tinha acabado de completar 24 anos! Tava a fim de torrar meu dinheiro sem pensar no amanhã. Só que isso virou uma bola de neve. Eu usava o salário todo para pagar meu cartão de crédito e não sobrava dinheiro para pagar as contas do mês. Daí usava o cartão de crédito para pagar as contas. E a encrenca só aumentava.
Para completar, eu vivia em um ambiente onde as pessoas criaram um estilo de vida muito louco: eu contava nos dedos as pessoas que eu conhecia no meu antigo trabalho que conseguiam guardar algum dinheiro. Tava quase todo mundo na mesma situação que eu (e nota: tinha gente ganhando o dobro, o triplo do meu salário). E olha, ai de você se falasse que ia passar as suas férias no Rio de Janeiro, em vez de conhecer algum país da Europa ou visitar pela milionésima vez a Disney: muita gente te olhava como se você fosse um ser de outro planeta.
Então… eu torrava toda a minha grana em viagens também. E em roupas: saía com milhares de sacolas das lojas mais caras do Rio. E em restaurantes. Já deu para visualizar o cenário, né?
Se arrependimento fosse útil (remorso é um dos sentimentos menos úteis da face da Terra, porque ele te prende ao passado em vez de concentrar seus olhos na mudança do futuro), eu teria começado a guardar dinheiro desde a primeira vez que comecei a trabalhar, aos 16 anos (falei sobre isso no post O Que Aprendi Sobre Dinheiro Aos 30 Que Queria Ter Aprendido aos 20). Eu teria lido mais sobre educação financeira e teria percebido antes que nenhum dinheiro no mundo substituiria a felicidade de trabalhar com o que eu amo (leia-se aqui: eu sei que todo mundo precisa pagar contas, não vivo em um conto de fadas; mas eu pago as minhas muito bem e faço o que eu amo todos os dias).
Quando tudo começou a mudar?
Quando fiquei grávida. Eu já falei sobre isso e dei várias dicas que comecei a adotar no meu dia a dia, no post O Dia em que Aprendi a Controlar Meu Dinheiro.
Se você considera que uma educação de qualidade é um dos maiores ativos/tesouros que você pode deixar para o seu filho, por que não ensinar educação financeira a ele? Mas como ensinar isso se você for uma descontrolada financeira?! Fica difícil ensinar sem passar o exemplo necessário. Por isso que aquele livro Pai Rico, Pai Pobre ficou tão famoso: ele mostra a importância da educação financeira para crianças, especialmente vinda do exemplo dos pais.
Isso me marcou muito. E, além disso, eu sabia que viver como empresária seria mudar completamente a forma como lido com entradas e saídas de recurso todos os dias. Se eu não quisesse enlouquecer, eu precisava fazer mudanças. E eu fiz, contei isso lá no post que eu citei. Mas eu sentia que eu precisava ir além, eu precisava mudar as minhas crenças com relação a dinheiro, à administração das minhas finanças e, no geral, ao que eu entendo por riqueza, prosperidade e abundância.
Dinheiro: Mais Mudanças
Eu passei a ler mais livros sobre mindset e abundância. Antes que você comece a achar que esse post virou papo de hippie doida, preciso te dizer que existem estudos que comprovam como a forma de pensar altera sua percepção da realidade ao seu redor e seu potencial de transformá-la. É muito mais do que esperar milagres caírem do céu: é mudar sua mente para que você finalmente comece a destravar sua vida e fazer tudo acontecer de verdade.
Um dos livros que eu recomendo nesse assunto é “Os Segredos da Mente Milionária”, do T. Harv Eker. Esse cara desenvolve hoje vários treinamentos e seminários bem caros, mas se você ler o livro dele e realmente absorver os conteúdos que ele passa, acredito que esses treinamentos serão dispensáveis. É interessante perceber que as pessoas que possuem sucesso e independência financeira lidam com dinheiro e abundância de uma forma muuuuuito diferente e que faz todo o sentido.
O outro livro incrível que eu indico é o Think And Grow Rich (“Quem Pensa, Enriquece”), do Napoleon Hill. Acho surreal perceber que esse livro foi escrito há muito mais de 50 anos, mas é incrivelmente atemporal. O autor estudou a mente e a trajetória de grandes inventores e empresários, como John Rockefeller, e mostra no livro todas as suas conclusões. O livro é bem grandinho, mas ele vale cada segundo que você vai passar lendo.
Além dos livros que eu li, eu investi em terapia e EFT (Emotional Freedom Technique ou terapia de liberdade emocional). A terapia foi fundamental para entender toda a minha história com dinheiro, desde a infância. Como o dinheiro do meu salário no cargo público representava uma recompensa por fazer o que eu não amava todos os dias e por isso eu me dava o ‘direito’ de sair gastando tudo. Como eu não sentia que eu era boa o suficiente para ganhar bem e por isso torrava tudo no shopping…
E a EFT serviu para complementar a terapia, embora você possa aprendê-la e fazer de forma independente. Você realmente sente as crenças ‘brotarem’ no seu corpo, enquanto você vai fazendo a técnica, é algo inacreditável. Temos muitos bloqueios e a maioria deles são inconscientes, travando todo o nosso progresso. Foi maravilhoso conhecer essa técnica e minha meta em 2017 é fazê-la diariamente.
Eu também comecei um processo de coaching com meu terapeuta e coach. Eu tô devendo um post mais profundo sobre a minha experiência com coaching, já falei sobre isso aqui algumas vezes. O coaching é um processo muito poderoso, é um tiro de bazooka nas suas crenças limitantes e medos. É mais uma forma de ajudar você a se transformar de verdade e alcançar seus objetivos.
Eu vou escrever mais sobre abundância e mindset por aqui, o que acham? Gostariam de ver mais textos sobre esse tema, como tenho aplicado ele na minha vida e como você pode fazer isso também? :)
Excelente post, temos que sempre aprender coisa nova mesmo, porque só assim a vida muda mesmo em relação ao dinheiro, parabéns.